Apesar de greve e manifestações contra reforma judicial, Netanyahu se mantém no poder após rejeição de moção de censura no Parlamento israelense nesta segunda-feira (27).
A moção – um mecanismo de regimes parlamentaristas que permite aos deputados destituir um primeiro-ministro – teve 53 votos favoráveis e 59 contrários. Em um segundo escrutínio, 51 parlamentares apoiaram a moção e 60 a rejeitaram.
Assim, o Parlamento autorizou que Netanyahu continue no cargo, mesmo sendo alvo de fortes protestos nas últimas semanas em Israel, que aumentam a cada dia e geram preocupação na comunidade internacional.
A insatisfação é contra o projeto de Netanyahu para mudar o Judiciário. Entre outros pontos, o projeto retira a autoridade do Tribunal Supremo, cujas decisões passam a depender do Parlamento. Críticos afirmam que a mudança amplia o poder do Legislativo sobre o Judiciário, o que ameaça a natureza democrática do Estado.
Devido a fortes protestos nos arredores, o aeroporto de Tel Aviv, o principal do país, teve que interromper voos e atividades nesta segunda, conforme a imprensa local. As manifestações chegaram até perto da residência de Benjamin Netanyahu, e nas proximidades do aeroporto Bem Gurion, que também paralisou suas operações, segundo a imprensa local.
Um representante do governo da Alemanha declarou nesta segunda-feira que Berlim observa “com inquietação” os protestos em Israel.
Greve
O líder do sindicato Histadrut de Israel, Arnon Bar-David, chamou uma greve nacional mais cedo para iniciar nesta segunda.
A Associação Médica de Israel e a Federação de Autoridades também informaram que irão se unir aos manifestantes, conforme a mídia israelense.
Demissão de ministro
No domingo (26), Netanyahu demitiu o ministro da Defesa, Yoav Galant, que no sábado (25) havia solicitado uma pausa de um mês no polêmico processo de reforma judicial, promovido pelo governo.
Em um pronunciamento na noite de sábado, o ministro demitido, que é do mesmo partido de Netanyahu, o conservador Likud, disse recear que o conflito sobre a reforma gere uma “ameaça real para a segurança de Israel”.
Desde que o governo Netanyahu, um dos mais à direita da história de Israel, propôs o projeto de reforma judicial, em janeiro, o país está dividido e há protestos contrários a cada semana.