O Nubank, maior banco digital da América Latina, com 80 milhões de clientes, está preocupado com a possibilidade de o governo impor um limite aos juros cobrados no rotativo do cartão de crédito. Segundo David Vélez, fundador e CEO da fintech, essa medida seria um desastre para o setor e para os consumidores.
“Se isso acontecesse de forma arbitrária, no dia seguinte dezenas de milhões de pessoas perderiam seus cartões, porque a operação não seria mais rentável. Seria um choque para o sistema”, disse Vélez, em entrevista ao Valor Econômico.
O rotativo do cartão é a modalidade mais cara do crédito no Brasil, com taxas médias de 329% ao ano em fevereiro, segundo o Banco Central. O governo tem estudado formas de reduzir esse custo e estimular a concorrência no mercado.
No entanto, para Vélez, a solução não passa por uma intervenção estatal, mas sim por incentivar a inovação e a entrada de novos players. Ele afirmou que o Nubank já oferece taxas mais baixas do que os bancos tradicionais e que tem contribuído para a inclusão financeira de milhões de brasileiros que não tinham acesso ao crédito.
“Entendo a preocupação do governo com juros altos, estamos tentando sugerir algumas outras opções”, disse. Ele citou como exemplos a redução da carga tributária sobre o setor, a simplificação das regras regulatórias e a melhoria da infraestrutura tecnológica.
Vélez também elogiou a proposta de nova âncora fiscal apresentada pelo governo, que prevê um teto para os gastos públicos e uma reforma tributária. Ele disse que essas medidas são positivas para o equilíbrio das contas públicas e para o crescimento econômico do país.
O Nubank foi fundado em 2013 por Vélez, um colombiano que se mudou para o Brasil após trabalhar no Vale do Silício. A fintech se tornou um dos maiores casos de sucesso do ecossistema empreendedor brasileiro, com uma avaliação de US$ 30 bilhões em sua última rodada de investimentos.
A empresa oferece diversos produtos financeiros, como conta digital, cartão de crédito sem anuidade, empréstimo pessoal, seguro de vida e investimentos. O Nubank também tem operações na Colômbia e no México e pretende expandir sua atuação na América Latina.