A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a fraude contábil da Americanas ouviu nesta sexta-feira (5) representantes das empresas de auditoria independente PWC e KPMG, que prestaram serviços para a varejista no período em que o escândalo ocorreu. As auditorias tentaram se blindar das acusações e rebateram as provas apresentadas pela empresa.
A PWC foi responsável pela auditoria da Americanas de 2019 a 2020, quando a fraude foi descoberta e admitida pela companhia. O sócio da PWC, Marcelo Aranha, afirmou que a auditoria seguiu as normas profissionais e que não encontrou indícios de irregularidades nas demonstrações financeiras da empresa.
Segundo Aranha, a fraude foi cometida por um grupo restrito de pessoas dentro da Americanas, que falsificaram documentos e enganaram a auditoria. Ele disse que a PWC colaborou com as investigações internas e externas e que tomou medidas para reforçar seus procedimentos de controle de qualidade.
A KPMG foi a auditoria da Americanas de 2016 a 2018, período em que a maior parte da fraude foi realizada. A sócia da KPMG, Carla Bellangero, negou que a empresa tenha participado ou sido conivente com a fraude e disse que as insinuações feitas pelo atual CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, são falsas.
Ela afirmou que a KPMG alertou a Americanas sobre as deficiências nos controles de verbas de propaganda cooperadas, que foram o principal mecanismo usado para inflar os resultados da empresa. Ela disse que não havia nada que indicasse uma fraude intencional na companhia e que os documentos recebidos pela auditoria eram fraudados.
Bellangero também explicou que a mudança na redação de uma carta enviada à Americanas, que retirou o termo “deficiências significativas” e colocou “recomendações que merecem a atenção da administração”, foi feita porque não havia implicações materiais nas falhas encontradas pela auditoria.
Os deputados, porém, questionaram as auditorias sobre as evidências trazidas pela Americanas à CPI, que mostram que as empresas tinham conhecimento das irregularidades e não comunicaram aos órgãos competentes. Eles também cobraram mais transparência e responsabilidade das auditorias no mercado de capitais.
A CPI das Americanas foi instalada em maio deste ano para apurar o rombo contábil de R$ 25 bilhões da empresa, que afetou milhares de investidores e prejudicou a credibilidade do mercado financeiro brasileiro. A comissão tem 120 dias para concluir os trabalhos e apresentar um relatório final.