Os professores que foram contratados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para corrigir as redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2022 estão revoltados com a falta de pagamento pelo trabalho realizado entre dezembro e janeiro deste ano. Eles acusam a FGV de calote e exigem uma posição da instituição sobre quando irão receber o dinheiro.
Segundo os corretores, cada um deles pode corrigir de cem a 200 redações por dia e recebe R$ 3 por cada uma delas, valor que não é reajustado há anos. O trabalho é descrito como exaustivo, já que os corretores passam dia e noite na função. Além disso, eles passaram por uma seleção rigorosa e cumpriram todos os prazos que foram pedidos.
O Enem é hoje a principal prova para os estudantes que querem entrar em uma universidade no país. Em 2022, 3,4 milhões de estudantes se inscreveram no exame. Os corretores afirmam que deveriam ter recebido o dinheiro até o dia 30 de março, mas até agora ele não foi liberado. Muitos dos contatos feitos por email ou telefone com a fundação não foram respondidos. Em outros, a FGV se limita a dizer que não fornece informações sobre pagamentos ou que não tem acesso ao “setor” responsável.
“É uma situação que já ultrapassou os limites”, afirma uma corretora, que conversou com a reportagem sob condição de anonimato. Todos os professores assinaram um termo de sigilo ao serem contratados.
Os posts mais recentes do perfil da FGV no Instagram estão repletos de mensagens com a hashtag #FGVcaloteira. O mesmo acontece na conta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Enem, na rede social. Foi a maneira que os corretores encontraram de divulgar o problema e cobrar uma solução.
A FGV informou, por meio de nota, que o processo de correção das redações ainda não terminou e que haverá uma etapa de consolidação de dados para conferir o número de redações corrigidas por colaborador. Mas a instituição admitiu problemas que incluem o processo de transição presidencial: “Em relação ao Enem 2022, a troca de governos causou pequeno, mas incontornável, reflexo no cronograma de conclusão do processamento do exame”.
O Inep afirmou que a seleção e o pagamento da equipe de correções do Enem são de responsabilidade da FGV, instituição que faz parte do consórcio aplicador da edição.