A cesta básica é o conjunto de alimentos necessários para as refeições de uma pessoa adulta. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 2020, a maior parte dos produtos que fazem parte dela apresentou elevação de preços em todo o país. O maior aumento foi observado em Salvador, enquanto o menor, em Curitiba.
Em 2021, a situação não melhorou. Um estudo realizado pelos professores do curso de economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) mostrou que a inflação da cesta básica acelerou de 2,02% em fevereiro para 5,27% em março. Desta forma, a alta acumulada ao longo de 12 meses passou de 12,67% para 21,46%. Esse índice é quase o dobro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumulou uma inflação de 11,30% no mesmo período.
Mas quais são os fatores que explicam essa alta nos preços dos alimentos básicos? Segundo os especialistas, há uma combinação de vários elementos que afetam a oferta e a demanda desses produtos no mercado interno e externo. Alguns deles são:
Desvalorização cambial: o real perdeu valor frente ao dólar, o que aumentou o custo de produção e elevou o volume de exportação de alguns produtos, como soja, carne bovina e açúcar. Isso reduziu a oferta desses produtos no mercado interno e pressionou os preços para cima.
Problemas climáticos: algumas regiões do país enfrentaram extremos de chuvas e secas intensas, que afetaram as plantações e a produção de alimentos como arroz, batata e hortaliças. Esses fenômenos reduziram a oferta e aumentaram os custos desses produtos.
Questões sazonais: alguns produtos têm variações de preço conforme a época do ano, como o leite e a manteiga, que ficam mais caros no inverno por causa da menor produção leiteira.
Aumento no preço das commodities: alguns produtos que são negociados no mercado internacional, como o trigo, tiveram aumento nas cotações por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. Isso influenciou no encarecimento de alimentos derivados do trigo, como o pão francês.
Esses fatores impactam diretamente no bolso dos consumidores brasileiros, especialmente os de baixa renda, que gastam uma parcela maior do seu orçamento com alimentação. Segundo o Dieese, o comprometimento médio do salário mínimo com os alimentos básicos no país foi o maior em 12 anos em 2020.
Para tentar conter a inflação dos alimentos, o governo federal adotou algumas medidas como a redução da tarifa de importação de alguns produtos da cesta básica, como arroz e óleo de soja. No entanto, essas medidas não foram suficientes para reverter a tendência de alta nos preços.
Os especialistas alertam que a inflação da cesta básica pode continuar elevada nos próximos meses, caso não haja uma melhora na oferta dos produtos e na situação econômica do país. Eles recomendam que os consumidores busquem alternativas mais baratas e saudáveis para compor sua alimentação, como frutas da época, legumes e verduras.