Milan Kundera morre aos 94 anos em Paris, deixando um legado de obras que retratam a condição humana com ironia, erotismo e filosofia. O escritor tcheco naturalizado francês foi um dos mais influentes e aclamados romancistas do século XX, autor de clássicos como “A Insustentável Leveza do Ser”, “A Brincadeira” e “A Imortalidade”.
Kundera faleceu na terça-feira (11), após uma longa doença, segundo informou a editora Gallimard, que publicava seus livros na França1. A notícia foi confirmada pela porta-voz da biblioteca que leva o nome do escritor em Brno, sua cidade natal na República Tcheca.
Nascido em 1° de abril de 1929, Kundera era filho de um pianista e se interessou pela música desde cedo. Ainda adolescente, se filiou ao Partido Comunista tcheco, mas foi expulso duas vezes por suas críticas ao regime totalitário. Em 1975, ele se exilou na França, onde obteve a cidadania em 1981 e passou a escrever em francês.
Suas obras exploravam os dilemas existenciais de personagens em busca de identidade em uma Tchecoslováquia cinza e oprimida. Seu maior sucesso foi “A Insustentável Leveza do Ser” (1984), que narra as histórias de amor e desilusão de Tomas, Tereza, Sabina e Franz durante a invasão soviética à Praga em 1968. O livro foi adaptado para o cinema em 1988, com Daniel Day-Lewis e Juliette Binoche no elenco.
Kundera era considerado um eterno candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, mas nunca recebeu o reconhecimento da academia sueca. Ele também era avesso à mídia e raramente concedia entrevistas. Em 2019, ele recuperou sua nacionalidade tcheca, após quatro décadas sem poder visitar seu país de origem.
Milan Kundera morre aos 94 anos em Paris, mas sua obra permanece viva na memória de milhões de leitores que se encantaram com sua prosa inteligente, sarcástica e sensível.